Displasia Cemento Óssea Periapical – Características Radiográficas e Tomográficas – XXIII

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A displasia cemento óssea periapical (DCOP), uma lesão fibro óssea, é caracterizada pela gradativa substituição do tecido ósseo sadio por tecido fibroso – trata-se de uma condição idiopática. A DCOP possui origem no ligamento periodontal, e desta maneira, pode acometer tanto maxila quanto mandíbula, quer de forma isolada, quer em um grupo de elementos dentais.

De maneira geral, como as lesões fibro ósseas vão progressivamente provocando a substituição do tecido ósseo, radiograficamente estas patologias apresentarão características diferentes de acordo com sua maturação, isto é, com a sua idade. Significa que lesões mais recentes apresentam aspecto imaginológico predominantemente radiolúcido/hipodenso; lesões em um estágio intermediário terão aspecto de densidade mista (radiopaco e radilúcido/hiperdenso e hipodenso); e finalmente, lesões antigas apresentam-se predominantemente radiopacas/hiperdensas.

A DCOP é autolimitante, ou seja, este tipo de lesão, quando alcança seu estágio final de maturação não provocará aumento de volume expressivo de osso cortical. Os dentes associados à DCOP respondem positivamente ao teste de vitalidade pulpar.

Autores classificam a DCOP em três fases:

Fase 1ª – Osteolítica – Num primeiro momento, existe a lise óssea. Sua característica radiográfica é predominantemente radiolúcida. É radiograficamente idêntica a uma rarefação óssea periapical oriunda de um processo inflamatório. O que difere, clinicamente, a DPOC de uma rarefação óssea periapical é que nesta última, o elemento dental acometido não apresenta vitalidade pulpar.

Imagem radiolúcida envolvendo a região periapical correspondente ao dente 32 – notar a integridade de sua porção coronária. DCOP Fase 1ª (osteolítica)
Imagem radiolúcida envolvendo a região periapical correspondente ao dente 32 – notar a integridade de sua porção coronária. DCOP Fase 1ª (osteolítica)

 

 

Fase 2ª – Cementoblástica – Estágio intermediário representado pela densidade mista. Mostra que o tecido ósseo, no momento da aquisição radiográfica/tomográfica está sendo substituído de forma contínua por tecido fibroso

Radiografias periapicais de canino inferior direito e incisivos centrais – imagem de densidade mista envolvendo o periápice dos dentes 43, 42 e 41. DCOP Fase 2ª (cementoblástica)
Radiografias periapicais de canino inferior direito e incisivos centrais – imagem de densidade mista envolvendo o periápice dos dentes 43, 42 e 41. DCOP Fase 2ª (cementoblástica)

 

Sequência de cortes sagitais mostrando imagem de densidade mista envolvendo o periápice do dente 46. DCOP fase 2ª (cementoblástica)
Sequência de cortes sagitais mostrando imagem de densidade mista envolvendo o periápice do dente 46. DCOP fase 2ª (cementoblástica)

 

Fase 3ª – Maturação – Estágio final, que representa o ápice da aposição de tecido fibroso, na região periapical. Vê-se imagem predominamente radiopaca (hiperdenso), envolta por halo radiolúcido (hipodenso) – toda extensão da raiz pode ser observada.

Radiografia panorâmica, onde é possível observar imagem radiopaca envolta por halo radiolúcido em periápice do dente 47. DCOP fase 3ª (maturação)
Radiografia panorâmica, onde é possível observar imagem radiopaca envolta por halo radiolúcido em periápice do dente 47. DCOP fase 3ª (maturação)

 

Cortes tomográficos coronais dos dentes incisivos centrais inferiores (Dentes 41 e 31), apresentando imagem predominantemente hiperdensa envolta por halo radiolúcido em seus respectivos periápices – DCOP (item D) fase 3ª (Maturação)
Cortes tomográficos coronais dos dentes incisivos centrais inferiores (Dentes 41 e 31), apresentando imagem predominantemente hiperdensa envolta por halo radiolúcido em seus respectivos periápices – DCOP (item D) fase 3ª (Maturação)

 

 

Referências Bibliográficas

Pereira DL. Avaliação clínica e radiográfica de pacientes afetados por displasia óssea florida – estudo retrospectivo e multicêntrico colaborativo. Dissetação (Mestrado em Estomatopatologia) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba. São Paulo, 2016.

-Oliveira, CNA. Epidemiologia das lesões fibro-ósseas benignas dos maxilares. Dissertação (Mestrado em Estomatologia) – Universidade Federal de Minas Gerais , Faculdade de Odontologia. Minas Gerais, 2016.

-Eskandarloo A1, Yousefi F.CBCT findings of periapical cemento-osseous dysplasia: A case report. Imaging Sci Dent. 2013 Sep;43(3):215-8. doi: 10.5624/isd.2013.43.3.215. Epub 2013 Sep 23.

– Santos Netto JN1, Cerri JM, Miranda AM, Pires FR. Benign fibro-osseous lesions: clinicopathologic features from 143 cases diagnosed in an oral diagnosis setting. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2013 May;115(5):e56-65. doi: 10.1016/j.oooo.2012.05.022. Epub 2012 Sep 13.

-Osseous (cemento-osseous) dysplasia of the jaws: clinical and radiographic analysis. Alsufyani NA1, Lam EW. J Can Dent Assoc. 2011;77:b70.

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